ESG na era digital: os Data Centers e o risco do greenwashing

Leitura de 9 minutos
29/01/24

A consciência ambiental está na vanguarda das decisões dos consumidores e, por isso, o risco do ‘greenwashing’, termo também conhecido por ‘lavagem verde’, vem se tornando cada vez maior, em especial no domínio da tecnologia da informação.

Isso porque hoje, ao mesmo tempo em que as marcas se esforçam para se alinharem às boas práticas de ESG, clientes e investidores já estão mais ligados em questões como a neutralidade de carbono, dando especial atenção ao uso de tecnologias capazes de reduzir as emissões.

De fato, com a temperatura mundial se elevando a cada ano e os recursos naturais se tornando mais escassos, os detalhes desta equação são de grande importância e exigem uma avaliação mais detalhada de como as organizações devem conduzir as suas operações.

Neste contexto, a transparência e a autenticidade nos esforços sustentáveis tornam-se vitais em todos os aspectos, incluindo as operações dos Data Centers.

Compreender e navegar pelas complexidades das emissões de carbono e da sustentabilidade, em especial nos Data Centers, não é uma tarefa simples, mas nós iremos te ajudar a desvendar este cenário. Leia a seguir:

Entendendo o greenwashing digital

Greenwashing, termo originado da língua inglesa, pode ser interpretado literalmente como “lavagem verde” e envolve retóricas, ações e campanhas de marketing e tecnologia enganosas – em parte ou na sua totalidade -, voltadas à temática de sustentabilidade ambiental. E por não condizerem com a realidade, não se sustentam na prática.

Isso ocorre porque muitas organizações começaram a perceber a necessidade de se inserirem no contexto do ESG (do Inglês Environmental, Social and Governance), seja pelo fato da temática estar em alta ou porque precisavam se adequar a regras setoriais. E, assim, começaram a divulgar pequenas ações que não apenas não faziam parte da cultura da companhia, mas que não eram construídas sobre uma base sólida.

Como exemplo, pode-se citar o lançamento de um produto biodegradável, criado para que a empresa tentasse se conectar a essa tendência, mas que, na prática, está solto no portfólio e tem baixa representatividade no faturamento da companhia.

Esse tipo de iniciativa normalmente é desenvolvida com o objetivo de melhorar a percepção dos stakeholders acerca de determinada marca e, em especial, para atrair consumidores e investidores ambientalmente conscientes. Assim, infelizmente ainda pode ser observada em diversos tipos de organizações, incluindo empresas, indústrias públicas e privadas, entidades não governamentais e até em governos.

Hoje, pode-se dizer que o termo evoluiu para além do seu âmbito inicial, abrangendo um espectro mais amplo de práticas duvidosas, que vão além das estratégias de marketing.

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A importância da redução das emissões de carbono

À medida que o mundo intensifica o foco no combate às alterações climáticas torna-se crucial desvendar as complexidades que rodeiam o greenwashing, a fim de se promover a transparência, a autenticidade e os esforços eficazes de ESG.

Nesse sentido, compreender o papel das emissões de carbono na atmosfera, que se convertem nos gases de efeito estufa responsáveis pelas alterações climáticas, é uma das iniciativas cruciais, quando se trata de verdadeiramente enfrentar os desafios da sustentabilidade ambiental. Isso porque esses gases desempenham um papel no suporte da vida na Terra, mas tornam-se problemáticos quando a sua presença é excessiva na atmosfera.

Por sua vez, definir metas de emissões carbono é um dos passos essenciais para mitigar este impacto. Tais metas demonstram o compromisso de cada organização em reduzir a sua pegada de carbono, o que é essencial para o alinhamento com iniciativas como o Acordo de Paris, que visam limitar o aquecimento global.

O que fazer para reduzir essas emissões?

Dentre esses compromissos, a Science Based Target Initiative (SBTi) se destaca como uma ferramenta bastante efetiva, já que serve como referência para avaliar a credibilidade dos compromissos para alcançar emissões zero. Ao endossar metas que atendem aos padrões, a SBTi garante que as empresas vão além das reivindicações e contribuem ativamente para os esforços globais contra as mudanças climáticas.

No entanto, é importante reconhecer que não existe uma abordagem única para todos no caminho para a sustentabilidade ambiental – e é aqui que precisamos de ser cautelosos relativamente ao greenwashing. Torna-se, então, imperativo distinguir entre duas estratégias: compra de créditos de carbono e investimento em tecnologias que emitem gases de efeito estufa.

Embora a aquisição de créditos de carbono ofereça uma forma de compensar as emissões, podem ficar aquém das práticas sustentáveis se não forem combinados com investimentos em tecnologias capazes de reduzir ativamente as emissões.

Assim, a distinção é vital ao navegar em iniciativas de sustentabilidade, sublinhando a importância de as empresas irem além dos gestos e abraçarem estratégias abrangentes, que realmente contribuam para um futuro mais verde.


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ESG e transparência no mercado digital

À medida que as organizações dão prioridade à sustentabilidade, vemos um aumento no estabelecimento de metas de carbono, assim como na implementação de políticas de ESG consistentes e de iniciativas dedicadas a colocá-las em prática.

Nesse cenário, a transparência tem um papel fundamental, servindo como defesa contra a qualquer desconfiança em relação a um eventual uso de práticas de greenwashing. De fato, garante a autenticidade das afirmações em relação aos esforços ambientais e sociais de qualquer tipo de organização.

No entanto, alcançar a transparência traz consigo um conjunto de desafios. A complexidade do setor, aliada aos processos particulares de cada empresa, muitas vezes dificulta a obtenção de informações claras e verificáveis. Este desafio sublinha a importância, portanto, de as empresas procurarem e fornecerem ativamente dados que ajudem os clientes e demais partes interessadas a distinguirem entre os esforços de sustentabilidade verdadeiros e os potenciais casos de ‘lavagem verde’ digital.

Quando se trata de navegar neste terreno em mudança, a transparência vai além de ser uma obrigação corporativa. Serve como um elemento na construção de confiança e na orientação do mercado para um futuro genuinamente sustentável.


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Reduzindo a lacuna entre intenção e ação

Muitas empresas estão reconhecendo a importância de alinhar suas operações às boas práticas globais de sustentabilidade. No entanto, essa tendência deve superar as intenções: a chave reside em traduzir estas aspirações em ações concretas, estabelecendo metas específicas e mensuráveis.

Para isso, é preciso ir além dos compromissos superficiais, adotando iniciativas que contribuam ativamente para os objetivos ESG. Esta premissa garante que, em especial, o setor de TI e os gestores de Data Centers, possam ir além da retórica, abordando eficazmente os impactos sociais das suas atividades e combatendo o greenwashing.

E aqui, incentivar a transparência, com a divulgação proativa de informações transparentes o desempenho da companhia, serve como pedra angular neste esforço.

Ao fazê-lo, os provedores de serviços não apenas constroem uma relação de confiança com as partes interessadas, mas também neutralizam ativamente os casos em que as reivindicações poderiam exceder as contribuições ambientais e sociais reais.


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Evitando o greenwashing nas práticas de Data Centers

Para evitar cair na armadilha do greenwashing, é fundamental que os gestores de Data Centers adotem uma abordagem genuinamente concentrada em práticas sustentáveis. Para isso, o primeiro passo é estabelecer metas de ESG mensuráveis, não apenas alinhadas aos padrões do setor, mas que também demonstrem um verdadeiro compromisso com a minimização do impacto ambiental.

Neste momento, manter a transparência é essencial, o que deve ser feito por meio do fornecimento de informações públicas claras e verificáveis sobre suas práticas, incluindo métricas de desempenho e objetivos de longo prazo. Esta conduta gera confiança entre as partes interessadas e serve como prova da dedicação da empresa à manutenção de operações responsáveis e ambientalmente sustentáveis.

Para tal propósito, é fundamental que a organização supere a dependência de mecanismos de compensação como os créditos de carbono. Por outro lado, deve-se priorizar investimentos em tecnologias que comprovadamente tenham uma emissão reduzida de gases de efeito estufa, em vez de confiar em soluções superficiais. Ao adotar esta abordagem garante-se, por sua vez, a minimização da da pegada de carbono.

Além disso, para manter a credibilidade e promover a responsabilização, é essencial que as empresas de Data Centers atualizem e comuniquem regularmente o progresso de suas iniciativas de ESG. Relatórios transparentes reforçam a autenticidade dos seus esforços e contribuem para a melhoria das práticas.

Certificações comprovam conduta sustentável em Data Centers

Para combater o greenwashing digital, também é aconselhável que os clientes sempre examinem minuciosamente as certificações de cunho ambiental de seu fornecedor de serviços de Data Center. Isso porque estes selos validam a dedicação da empresa em aderir às práticas ambientais, sociais e de governança de alto nível, garantindo confiabilidade na escolha de um parceiro sustentável.

Nesse cenário, uma das maneiras mais acertadas de se assegurar que as práticas do centro de dados estejam alinhadas com as melhores práticas internacionais de ESG é verificar se há certificações reconhecidas globalmente. Entre as certificações comprovam que um data center está comprometido em operar de forma sustentável e transparente vale destacar:

  • Uptime Institute Efficient IT Certification: concentra-se no uso eficiente de recursos, enfatizando a eficiência energética e operações sustentáveis;
  • LEED (Leadership in Energy and Environmental Design): certificação de construção verde reconhecida mundialmente e que inclui critérios específicos para Data Centers. Atesta que as instalações são ambientalmente responsáveis e eficientes, em termos de recursos;
  • ISO 14001 (Sistema de Gestão Ambiental): define o padrão para sistemas de gestão ambiental eficazes, proporcionando a confirmação de que um Data Center está minimizando ativamente seu impacto ambiental.

Ao examinar essas certificações, você poderá obter informações valiosas sobre o compromisso do seu provedor de serviços de Data Center com práticas sustentáveis e responsáveis, contribuindo para uma abordagem mais informada e transparente ao ESG no mercado digital.


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