Qual é o custo de não ser sustentável?
Leitura de 8 minutosOs negócios, hoje, são rápidos, altamente interdependentes e complexos. A resiliência organizacional combinada, à velocidade de atuação e de mudança de rota, pode ajudar a determinar quais empresas obterão sucesso e sobreviverão. Nesse cenário, em que acionistas e consumidores estão cada vez mais exigentes em relação ao uso consciente de recursos naturais, às práticas sociais e de governança, qual seria o custo de não ser sustentável?
A verdade é que trabalhar com base nas melhores práticas do ESG se tornou uma questão crítica e não opcional para organizações de todos os setores.
Atualmente, o design voltado para a sustentabilidade – em especial dos Data Centers – é fundamental para que se possa utilizar recursos naturais de maneira consciente, considerando-se, principalmente, a energia e a água, além da gestão eficiente de resíduos sólidos e a mitigação das mudanças climáticas.
Siga na leitura deste artigo e saiba mais sobre os custos de não ter um negócio sustentável. Entenda como equipamentos obsoletos podem levar a grandes despesas financeiras e a danos à reputação da marca. Descubra por que adotar uma abordagem holística para a sustentabilidade, incluindo as operações de Data Center, é crucial para as organizações se manterem competitivas e prosperarem no longo prazo.
ESG: o cenário atual
Uma análise global divulgada recentemente pela consultoria McKinsey, que contou com a participação de mais de 1.100 líderes empresariais de mais de 90 países, apurou que os assuntos relacionados às práticas ambientais, sociais e de governança estão na agenda de nove em cada dez organizações.
Os participantes da pesquisa relataram que seus empregadores não estão dando atenção ao ESG só da boca para fora: muitas estão fazendo mudanças significativas, com benefícios demonstráveis. Mais de dois terços dos entrevistados disseram que suas empresas alcançaram um amplo impacto nos esforços ESG nos últimos três anos; e 43% deles afirmaram terem obtido retorno financeiro de seus investimentos em práticas ESG nesse período.
No entanto, embora os tópicos ambientais estejam nas manchetes, apenas um terço dos entrevistados classificou as questões ambientais como as de maior prioridade na companhia.
Para os analistas da Mckinsey, tal fato sugere que os efeitos completos do ESG são multivariáveis e podem levar algum tempo até que sejam totalmente alcançados. Como exemplo, um terço dos entrevistados afirmou que iniciativas relacionadas a essa temática, quando realizadas pelas empresas para as quais trabalham, têm um forte efeito positivo em seu compromisso individual com a organização – o que, por sua vez, também se repercute entre os funcionários em geral.
Motivações
Entre as razões apuradas na pesquisa para que as empresas se dediquem às práticas ESG destacaram-se:
- atender aos requisitos regulamentares ou do setor;
- responder às expectativas do consumidor;
- promover o crescimento da companhia;
- atrair, motivar e/ou reter colaboradores;
- melhorar a reputação corporativa;
- atender às expectativas dos investidores.
Veja mais detalhes na ilustração a seguir:
Por este gráfico, pode-se concluir que entre os que consideraram que seu empregador tem uma forte atuação em ESG, a principal motivação é a promoção do crescimento da organização (54%). No entanto, entre os que avaliaram que a empresa se dedica pouco a essa agenda, a razão fundamental para fazê-lo é o cumprimento das regulamentações do setor em que atua (56%).
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Motivações para a adoção de práticas sustentáveis
Hoje, há diversas forças pressionando as empresas em direção à jornada da sustentabilidade, o que faz com que não tenham a opção de não operar dessa maneira.
Podemos dizer que uma das principais forças é o impacto das mudanças climáticas. Para que se possa manter as boas condições de existência de vida na Terra, foi preciso limitar o aquecimento global a 1,5°C, conforme o Acordo de Paris de 2015, quando países participantes concordaram em restringir o aumento da temperatura global. Isso porque ultrapassar essa marca todos os anos, durante uma ou duas décadas, causaria impactos muito maiores do que o aquecimento em si, como ondas de calor mais longas, tempestades mais intensas e incêndios florestais.
Outra questão importante é que a sustentabilidade está se tornando um imperativo comercial cada vez mais forte, devido à pressão monetária e regulatória. Como exemplo, se uma organização deseja trabalhar com órgãos como o FMI e o Banco Mundial, conseguir financiamentos do governo ou deseja ter suas ações listadas na bolsa, comprovar os resultados de suas iniciativas voltadas ao ESG é primordial.
Além disso, ainda há a pressão civil. Os consumidores estão mais conscientes e tendem a priorizar a compra de produtos e serviços social e ecologicamente corretos, da mesma forma em que ter um propósito ESG significativo é fundamental para que as empresas consigam atrair talentos. Outro exemplo é o caso das universidades, onde existe uma pressão para que sejam sustentáveis a fim de captar os melhores alunos.
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Mas qual seria o custo de não ser sustentável?
Seja qual for o propósito da companhia ao realizar iniciativas voltadas ao fomento das práticas sociais, ambientais e de governança, o que é certo é que o custo de não ser sustentável já é bastante alto. Assim, no conjunto dos prováveis impactos da sustentabilidade deficiente nos negócios, podemos ressaltar:
- Custos ambientais: referem-se aos danos que as operações de uma organização infligem ao meio ambiente. Esses prejuízos podem vir na forma de poluição da água, do ar, contaminação do solo, desmatamento ou extinção de recursos naturais. Assim, os custos associados a esse tipo de dano podem variar do pagamento pela operação de limpeza a penalidades e multas. Em casos graves, a companhia é passível até de enfrentar uma ação legal, que pode resultar em severos dispêndios financeiros;
- Custos financeiros: tratam das perdas financeiras diretas e indiretas que determinada companhia pode sofrer devido às más práticas de ESG. Nesse sentido, despesas diretas incluem multas, penalidades e investimentos em higienização, enquanto as indiretas abrangem perda de vendas, aumento dos prêmios de seguro e desembolsos de litígio;
- Custos de reputação: abrangem a perda de valor e confiança da marca – e, consequentemente, a redução no valor das ações de uma empresa aberta, por exemplo. Consumidores, empregados e investidores estão se tornando mais ambiental e socialmente mais conscientes, cada vez mais optando por apoiar negócios que se alinham com seus valores. Desse modo, uma organização que se envolve em práticas de sustentabilidade inadequadas pode perder rapidamente a confiança e o apoio de seus stakeholders;
- Custos de oportunidade: referem-se ao que se pode deixar de ganhar em decorrência de ações ou atitudes inadequadas ao ESG. Práticas sustentáveis, são capazes de abrir novos mercados, atrair clientes, atrair e reter talentos e até de reduzir custos fixos da operação. Por outro lado, iniciativas inadequadas podem fechar essas oportunidades, limitando o potencial de crescimento da organização.
Sustentabilidade no Data Center
Como vimos, está se tornando cada vez mais importante que as empresas entendam e abordem os efeitos que as suas ações têm em relação à sua operação e à marca.
Aqui, à medida que se esforçam para se tornarem socioambientalmente responsáveis, uma área que costuma ser negligenciada é a do Data Center. Contudo, o custo de não ter um centro de dados sustentável podem ser significativo, tanto em termos de despesas financeiras quanto de danos à reputação da companhia.
Os Data Centers são a espinha dorsal dos negócios modernos, já que abrigam servidores e equipamentos que alimentam tudo, desde sistemas de mensagens instantâneas e e-mail até sites de comércio eletrônico e aplicações baseadas em nuvem. No entanto, tais estruturas também são notórias por seu alto consumo energético e pelas emissões de carbono. Na verdade, um relatório divulgado pelo Uptime Institute no final de 2022 revelou um aumento de 266% no consumo de energia desde 2017.
Por isso, mais especificamente no caso do Data Center, o custo de não ser sustentável pode ser sentido de várias maneiras. Do ponto de vista financeiro, as empresas que dependem de Data Centers com uso intensivo de energia podem enfrentar altíssimas contas de eletricidade, bem como os gastos com manutenção e atualização de equipamentos obsoletos. Outro exemplo é a taxação de carbono em um cenário futuro de limitação de CO2. Além disso, aquelas que são vistas como retardatárias no quesito de proteção ao meio ambiente enfrentam severos danos à reputação;
“Considerando-se os principais obstáculos que impedem a ampliação das práticas de sustentabilidade nos Data Centers em operação no Brasil, pode-se dizer que o principal deles é a dificuldade de se tangilbilizar os benefícios do ESG”, explica a coordenadora de ESG da ODATA, Fernanda Siqueira. “Além da redução de custos, há a atração e retenção de talentos e a percepção de segurança no ambiente de trabalho, por exemplo”.
Como tal, é crucial que as empresas adotem uma abordagem holística para a sustentabilidade, incluindo suas operações de Data Center, para se manterem competitivas e prosperarem no longo prazo.
Por ser difícil monetizá-los, ainda é preciso dedicar muito tempo para convencer as pessoas da importância da prática e da transversalidade do assunto dentro da empresa.
Fernanda Siqueira
coordenadora de ESG da ODATA
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