EHS em Data Centers: entenda o impacto no negócio

Leitura de 15 minutos
17/11/21

*Entrevista com o gerente de EHS da ODATA, Carlos Salata

Existe relação entre o desempenho de um ambiente técnico, como o Data Center, e temáticas mais abrangentes como as questões ambientais, de saúde e de segurança ocupacional? A resposta é sim: as pessoas, que estão no centro de ambos. E, consequentemente, esse é o objeto de estudo da prática de EHS – sigla do termo em Inglês ‘Environment, Health and Safety´.

Com a importância dos princípios de responsabilidade social corporativa, sustentabilidade e Governança Ambiental e Social (ESG) crescendo na sociedade, à reboque, a percepção sobre EHS mudou significativamente. Agora, as empresas estão mais motivadas a se comprometerem com as melhorias nessa seara, em iniciativas que ultrapassam o que simplesmente se exige para obter conformidade. 

Neste cenário, voltamos o nosso olhar para os Data Centers que, hoje, são muito maiores e têm estruturas muito mais complexas do que se poderia imaginar há poucos anos. Os centros de dados continuam crescendo rapidamente – em quantidade e na diversificação dos modelos – e o setor não dá sinais de que essa velocidade será reduzida nos próximos anos. 

Então, para ajudar as organizações a conduzirem projetos de EHS mais assertivos em seus Data Centers, trazemos mais um episódio da série de entrevistas com especialistas da ODATA. E o convidado de hoje é o Carlos Eduardo Salata, nosso gerente de EHS e Qualidade.

Nesta série, os experientes ‘Profissionais Sangue Roxo’ compartilham suas recomendações como líderes de pensamento e ajudam as empresas a sanarem suas dores de negócio, em questões que vêm sendo discutidas em suas áreas de especialidade. 

Quer saber mais? Leia abaixo a entrevista na íntegra:

#1. O que é EHS? 

Como vimos, a sigla EHS vem do termo original em Inglês Environment, Health and Safety e, por aqui, refere-se a questões relacionadas ao meio ambiente, à saúde ocupacional e à segurança do trabalho nas organizações.

Há décadas, os profissionais de EHS desenvolvem iniciativas para fomentar a saúde ambiental e a segurança ocupacional no local de trabalho, trabalhando para assegurar os níveis de conformidade nessas questões, além de manterem o risco de reputação sob controle. 

O interessante é que, inicialmente, esse era apenas um padrão estabelecido somente em algumas indústrias de alto risco, como na fabricação de produtos químicos e na construção civil. No entanto, as tendências de EHS vêm mudando significativamente nos últimos anos. 

E hoje, essas tendências de mudança oferecem grandes vantagens às equipes dedicadas à EHS, como mais investimentos em monitoramento e coleta de dados, em tecnologia e no treinamento da força de trabalho.

#2. E quão transversal é a área de EHS nas empresas?

Bem, além do fato de que o objeto de estudo da prática de EHS tem abrangência em todos os departamentos de uma organização, faço questão de ressaltar a responsabilidade de todos no cumprimento das ações, para que a meta geral da companhia seja alcançada. Isso porque somente o envolvimento coletivo contribui para o bem do grupo. E, consequentemente, o compromisso não deve recair somente sobre o time de EHS. 

Por isso, nosso objetivo é que a ’área de EHS’ não exista, mas que a prática seja parte integrante de todas as esferas da empresa. Nesse sentido, entendo que não somos um time de apoio – nós produzimos segurança e legado positivo ao ser humano e à natureza. E integramos todas as equipes para este fim. Isso porque os riscos de saúde, de segurança do trabalho (SST) e de meio ambiente são inerentes a todos os setores.

#3. Por que a prática de EHS é importante para os Data Centers?

Considerando-se que a força vital do sucesso de um Data Center é manter o ambiente em execução 24 horas, sete dias por semana, com equipamentos eficientes, imagine todo o esforço necessário para isso. 

A estrutura de um centro de processamento de dados demanda engenharia, planejamento e manutenção operacional em grandes volumes para atender às altas demandas de operações contínuas. E assim, se esse ecossistema não for conduzido adequadamente, um ambiente ideal para equipamentos de informática pode não ser tão seguro para os funcionários quanto deveria ser. 

Adicionalmente, os equipamentos e os sistemas de energia de backup podem apresentar outros perigos potenciais, tais como: painéis e circuitos elétricos de alta tensão, baterias UPS e materiais inflamáveis, além da manutenção de equipamentos em alturas elevadas, movimentação de equipamentos pesados ​ e do armazenamento e manuseio de combustível. Estas são apenas uma amostra dos riscos potenciais que, desse modo, já deixam claros alguns riscos nos quais a EHS tem atuação. 

Inclusive, mesmo os trabalhadores mais qualificados e treinados são vulneráveis ​​a lesões graves se quaisquer precauções de segurança forem negligenciadas. 

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#4. Quais são os temas mais críticos em relação a EHS, nos Data Centers?

Os exemplos mencionados acima não deixam dúvidas de que o pilar de EHS mais crítico em um Data Center é o fator humano, independentemente da natureza do negócio. Por isso, a empresa deve ter sempre em mente que o elemento indispensável é o trabalhador.

Pode parecer clichê mas, com toda certeza, um acidente com um colaborador, com um terceiro, cliente ou visitante pode afetar a todo o grupo e trazer prejuízos incontáveis. Desse modo, sua integridade física e mental são o legado que estamos deixando para seus filhos e netos. 

Em seguida, entendo que a água para arrefecimento dos equipamentos e a geração de energia estão entre os aspectos de maior criticidade na operação de um Data Center, assim como outras tecnologias, redundâncias, geradores que minimizem a falta (ou ausência) de energia e o livre mercado.

Aqui na ODATA, por exemplo, neste momento, nosso foco está voltado a dois pontos principais:

  • No âmbito de SST, estamos concentrando esforços na gestão de empresas contratadas, criando níveis de controle que nos certifiquem que os parceiros seguem os mesmos preceitos que nós;
  • Na questão do meio ambiente, trabalhamos na mitigação de resíduos sólidos e de emissão de gases de efeito estufa. 


#5. Então, o que as empresas podem fazer para melhorar suas práticas relacionadas à saúde, segurança e ao meio ambiente nos Data Centers?

Bem, considerando-se os níveis de priorização que mencionei anteriormente, é interessante listarmos alguns dos tipos de incidentes mais comuns em Data Centers. E isso, principalmente, nas estruturas que ainda seguem o modelo puramente tradicional (on-premise) e são mantidas por equipes internas, que podem não vislumbrar, por completo, as nuances das questões de EHS. 

Assim, entendo que as organizações precisam ficar mais atentas aos pontos a seguir, trabalhando para mitigar suas potenciais consequências:

  1. Tanto proprietários quanto operadores de Data Centers têm a responsabilidade de garantir a segurança do pessoal, das instalações e dos equipamentos, assim como de manter, simultaneamente, a disponibilidade 24/7/365 de sistemas de missão crítica;
  2. Operadores de Data Center devem implementar produtos, sistemas e políticas para minimizar os riscos ao trabalhador. Isso começa com a abrangência da cultura de segurança, com a compreensão e a constante observação dos padrões – como NFPA 70 edição 2002, NFPA 70E edição 2000, IEEE Standard edition 1584-2002 e OSHA 29 – para instalações que mantém operadores de equipamentos elétricos;
  1. Os gestores devem prover condições para a prática de trabalho segura, tais como a oferta de equipamentos de proteção individual (EPI) adequados e a aplicação de etiquetas de advertência nos equipamentos. Inclusive, são responsáveis por fazer com que o trabalhador compreenda e cumpra com essas medidas para tornar as áreas de trabalho mais seguras;
  1. Aqui, vale ressaltar que incidentes elétricos em Data Centers podem ser perigosos, resultando não apenas em eventos de downtime e em riscos reputacionais, como também pode envolver vidas, riscos financeiros e judiciais.
  2. E, por fim, todos os funcionários devem compreender os riscos inerentes de trabalhar com equipamentos elétricos, exercendo seu ofício com máximo cuidado e bom senso. 

Na ODATA, não temos iniciativas isoladas, já que o nosso compromisso se manifesta por meio de programas. Desse modo, mantemos iniciativas que nos ajudam a estar sempre em conformidade com os requisitos de certificações e relatórios específicos, tais como Inventário de GEE e CDP (Climate Change Questionnaire).

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#6. Em casos de acidentes, até onde vai a investigação realizada pelos times de EHS?

Bem, depende muito da natureza da operação e da forma como a empresa efetivamente conduz seus programas de EHS. Aqui na ODATA, por exemplo, nosso foco está na causa raiz. Nesse sentido, implementamos a observação contínua, para chegarmos ao gatilho comportamental e sermos capazes de tratar os gaps de fatores humanos.

Assim, a investigação normalmente é iniciada de duas formas:

  • Proativamente: com a análise de indicadores de condições de riscos, mapeamento dos riscos através das notas de probabilidade e dos impactos que definem a abertura de um plano de ações para tratamento. Consequentemente, trabalhamos para reduzir a nota 
  • Reativamente: considerando-se que temos meta de zero acidentes, derivamos a abertura de um plano de ações com a investigação do incidente. Para isso, convocamos toda a alta direção e, efetivamente, contamos com a participação, inclusive, do nosso CEO, para investigar e buscar soluções, de modo que o incidente não volte a ocorrer.


#7. Qual é o significado de segurança na sua empresa?

Segurança, para nós, é cuidado. É um hábito, uma prática, um valor inegociável. Nós demonstramos nossa preocupação com segurança quando cuidamos dos nossos colegas e de nós mesmos.

Na ODATA, temas  relacionados à segurança e ao meio ambiente vêm ganhando força e estão nas pautas das nossas reuniões diárias. Isso inclui desde a entrada de um cliente em nossos Data Centers até a contratação de um fornecedor. Assim, temos a segurança como um pilar essencial do negócio. 

A título de exemplo, definimos como meta para 2021 a implementação do programa de EHS e de seu sistema de medição. Para isso, o nome do programa – ‘ODATA + Segura’ – foi estabelecido por meio de uma votação interna que contou com a participação de todos os colaboradores e com o endosso do CEO, que incentivou que todos contribuíssem com a iniciativa. 

Adicionalmente, vale dizer que a ODATA está passando por um processo de amadurecimento de sua cultura de Saúde e Segurança do Trabalho. Nesse período, fizemos um diagnóstico baseado em 22 pilares e estamos trabalhando intensamente nessa transformação. Desse modo, esperamos que, em breve, cada colaborador consiga entender e comunicar, de forma alinhada, o que é segurança na visão do negócio.


LEIA MAIS: Segurança do Data Center: como mitigar ameaças físicas, humanas e digitais


#8. Qual é a importância do engajamento interno nos temas de EHS?

Considerando que o fator humano é o pilar mais crítico na esfera de EHS, o entendimento correto e o engajamento do colaborador em todas as práticas é essencial. Por isso, são temas que abordamos em reuniões frequentes com toda companhia. Aqui, vale destacar dois pontos em especial:

  • Certificações de EHS: atualmente, com a tendência de alta desse tema no mercado, temos visto uma demanda muito grande de clientes em relação às certificações voltadas para esse tema. Por isso, as empresas devem passar por avaliações externas, que comprovem que sua operação está em compliance com os temas de EHS/ESG. Como exemplos, vale mencionar a ISO 45.001 – Sistema de Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho -, a ISO 14.001, a Leed Gold, UL Zero Waste to Landfill Validation – UL ECVP 2799 e EDGE Certification Green Data Center, entre outras;
  • Recursos em EHS: nas questões relativas a recursos humanos, o mercado já requer, há algum tempo, especialistas extremamente capacitados nas questões de Saúde e Segurança do Trabalho. Agora, estão em alta profissionais que sejam polivalentes, com conhecimentos nos temas ambientais, de saúde e de segurança do trabalho. 

#9. Como seus líderes comunicam EHS?

Dentro da companhia, esse tema costumava ter maior enfoque na camada de operações e no relacionamento com clientes. Contudo, na ODATA, a área passou por uma reestruturação e recebeu metas e indicadores a serem perseguidos. É avaliada, frequentemente, através de auditorias internas e externas, pelo processo de auditoria com organismos certificadores.

#10. Qual legado ambiental sua empresa vai deixar?

Entendo que todas as construções da ODATA foram desenvolvidas com base em soluções sustentadas pelos princípios de EHS, desde as mais simples até as mais complexas, de modo que possam diminuir a pegada de carbono e trazer grandes benefícios às comunidades do entorno e à sociedade como um todo. 

Entre elas, em termos de sustentabilidade, gosto de mencionar a captação de água da chuva, a instalação de sensores de presença para iluminação (que reduz o consumo energético), sensores nas torneiras e o circuito de água gelada para arrefecimento dos equipamentos. Além disso, temos painéis solares, abastecimento de carro elétrico, zero waste para aterro, entre outras.


LEIA MAIS: Entenda porque terceirizar o Data Center pode melhorar os índices de sustentabilidade da sua empresa


#11. Na sua opinião, EHS é um “assunto da moda” nas empresas ou uma prática que realmente veio para ficar?

Não vejo como um ‘tema da moda’, pois o modismo vem e vai. Acredito, sim, que as empresas estão se dando conta da criticidade desses temas e que, por isso, práticas relacionadas a EHS permanecerão em alta. 

Agora, por exemplo, é um tema mais do que atual, mediante à criticidade das questões hídricas no Brasil, que passa por um cenário crítico na esfera ambiental. Por outro lado, cresceu também a preocupação com a saúde mental, muito pelo contexto da pandemia, que tem resultado no aumento da sinistralidade decorrente de problemas de depressão, ansiedade e burnout.

Por fim, negócios perenes e resilientes precisam levar em consideração os riscos de EHS para garantirem sua estabilidade. Os impactos do clima e na reputação, em decorrência de um acidente fatal, por exemplo, ou da disposição inadequada de resíduos sólidos. Esses são assuntos que extrapolam modismos ou as paredes de uma determinada área. Estamos, aqui, falando de investimentos, de ética e de respeito.

Saiba mais sobre esse profissional ‘Sangue Roxo’

Com 10 anos de experiência na administração de processos em áreas de Desenvolvimento, Infraestrutura e Outsourcing (mais especificamente em Service Desk, Field Service e Gestão de Ativos), Carlos Eduardo Miranda Salata lidera, atualmente, a gestão de práticas ambientais, de saúde e de segurança ocupacional da ODATA, onde atua como gerente de EHS e Qualidade.

Sua visão ampla do negócio o levou a conduzir a implantação de projetos de Segurança, Riscos e Compliance nos modelos ágeis, tradicionais e híbridos, tanto de grande quanto de médio portes. Neste contexto, desenvolveu a habilidade de comandar importantes iniciativas de auditoria e certificação, como: ISO 9001, ISO 14001, ISO/IEC 20000-1, ISO 22301, ISO/IEC 27001, ISO 45001, PCI-DSS, ISAE 3402, Tier e TIA942. 

Além desses, implementou projetos de regionalização de processos em diferentes países na América Latina. Trabalhou com IOtomation RFID, desenho e melhoria contínua dos processos e especificações funcionais, considerando a análise de viabilidade dos projetos. Gestionou o mapeamento e controle dos riscos (COSO e RiskIT) de negócio (BackOffice) e de TI (Segurança da Informação), assim como a elaboração do Plano de Continuidade de Negócio (PCN), com fluxogramas ‘As-Is’ e ‘To-Be’.

Trabalhou para renomadas organizações dos segmentos Financeiro, Consultoria, Logística, Telecom, Data Center e Indústrias, dedicando-se à prevenção e à solução de problemas, atuando como um facilitador para mudanças de comportamento da força de trabalho.

Graduado em Produção com ênfase em Tecnologia pela Faculdade de Tecnologia de São Paulo (Fatec) e pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação pela Faculdade de Informática e Administração Paulista (FIAP), Carlos Salata ainda é certificado pelo PMI-PMP®.


Conheça a ODATA

A ODATA é uma provedora brasileira de serviços de Data Centers dedicada a fornecer infraestrutura de TI escalável, confiável e flexível na América Latina. Fundada em 2015, mantém, atualmente, seis Data Centers na região, sendo três no Brasil, um na Colômbia, um no México e um no Chile. 

Especializada em Colocation, atende à crescente demanda por energia, espaço e confiabilidade de organizações de diversos setores, interessadas em avançar em suas jornadas de transformação digital.

É uma empresa do Patria Investimentos, uma das maiores organizações de investimentos alternativos da América Latina, pioneira na indústria de Private Equity no Brasil. Também tem como acionista a CyrusOne, uma REIT americana de alto crescimento, focada na construção e operação de Data Centers de classe mundial e neutros em operadoras. É um dos maiores players internacionais do setor. 


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